30 março, 2016

Filosofando~ análise de Kill Me, Heal Me por uma amiga dorameira

Olá gente, bom dia!

Sei que o blog já está "saturado" de Kill Me, Heal Me (eu fiz um post sobre ele aqui e falo sobre ele nesse post da Ana), mas meu amor imenso por esse dorama é tão grande que não me canso de falar dele!

Uma amiga dorameira, a Vania Velloso, fez uma pequena, mas inovadora, análise sobre o dorama em questão e quero compartilhá-la com vocês. Lógico que ela me permitiu fazê-lo =) segue:


Antes de começar a escrever sobre o drama - que ao que tudo indica foi o que mais impactou o ano de 2015 - devo me apresentar. Sou arquiteta e urbanista, fiz antropologia social como convidada no mestrado, tenho pós-graduações plenas em Filosofia e Arte, Gestão Socioambiental e Desenvolvimento de Territórios. Gosto de pintar, cozinhar e escrever. Em uma fase da vida fiz e vendi bem meus quadros sem muita propaganda, através dos amigos e exposições. Vivi na iniciativa privada durante anos e trabalhei muito a questão de educação pela filosofia, ética e sustentabilidade. Há pouco mais de dois anos me interessei em estudar sobre a Ásia, por seu desenvolvimento, a História de mais de 5000 anos, culturas, povos... E caí em queda quase livre na Coreia do Sul.
Por sugestão, comecei a ver que eles eram incríveis no turismo e no entretenimento, e como também se reinventaram pela educação.  Foi um passo para entrar no mundo louco dos dramas da TV e dos filmes.  Sem falar do k-pop (músicas e shows), a TV e filmes internos movem quase 1,5% do PIB, pelos dados de 2011. O k-pop teve um retorno em termos de ganhos líquidos de 200 milhões de dólares em 2011 e cresce todo ano cerca de 70%. Dá para imaginar o que essa indústria gera, o que oferece de empregos, o que vende em propaganda de produtos, etc.  Pode ser que vocês, leitores e leitoras, não sejam muito ligados neste mundo econômico, mas é sempre bom lembrar porque este país faz tanto sucesso, hoje, no mundo.   E queremos até aprender coreano!
Os famosos atores - que tanto admiramos e seguimos - ganham para trabalhar em dramas valores comparados aos EUA - de 25 até 200 mil dólares por episódio. Lee Min Ho foi quem mais faturou, junto com Kim Soo Hyun. Entre as meninas, a Bae Suzy e a sensacional atriz Hyun Jun Jin.
Na minha singela opinião isto se dá porque a televisão e o cinema sul-coreanos encontraram a fórmula alegre, sensível, romântica, dramática e visual que impulsiona mais ainda a estória do grupo ou das comunidades do entretenimento para agradar duas grandes faixas etárias de consumo neste vasto mundo: meninos e meninas adolescentes jovens até uns 22, 24 anos e as ahjummas de 39 até pós-60.
Por sinal, o título de Kill Me, Heal Me foi bem sugestivo porque 2015 foi um ano kill (relacionado à morte) ou crazy (louco) para maioria das pessoas com quem converso, seja no aspecto político, emocional, mental ou espiritual. De certa forma, nos faz pensar como nós nos matamos (metaforicamente falando) a cada dia, e como desejamos encontrar ferramentas do heal (relacionado à cura) com nossos próprios meios ou através de outras pessoas que podem nos ajudar, seja de forma profissional ou pessoal. O verbo heal tem uma conotação maior do que um simples curar. Heal é curar cuidando, através de um processo - qualquer que seja o método.
Agora vamos para uma análise filosófica e divertida (assim espero) de Kill Me, Heal Me que realmente me impactou, assim como It’s Okay, That’s Love. Eu tenho certeza que gosto de "dramas-cabeça" (que envolvem Psiquiatria), porém estes dois tinham roteiro, linguagem boa e acessível, produção, atores e direção de arte/geral impecáveis. Sem aquela famosa mania dos coreanos de falhar em continuidade e de não editar bem as cenas.

KMHM tem os clichês dos "dramas-cabeça", de hospital e tudo mais, que já esperamos e sabemos. Porém, a diferença está na atuação dos protagonistas (ou melhor, dos diversos personagens que o ator Ji Sung interpreta tão bem). A estória de KMHM apresenta bem a Coreia do Sul e mostra o que vende em termos de romances e tragédias.  Naquele país a relação com a família, hierarquia, dinheiro, poder, mulher/homem que deve casar "bem" ou casamentos arranjados, inferioridade feminina, ausência total de toque e intimidade pública ou mesmo na frente de amigos e familiares, e a subserviência ainda contam muito. Para nós, parece coisa medieval.... O tempo também é algo muito importante na relação dos coreanos: passado, presente e futuro. Isso tudo tem a ver com o budismo e a Filosofia Han  que moldam muitos coreanos.
Não sei se o autor tem alguma bagagem filosófica, mas o roteiro é bem conectado com a alegoria da Caverna de Platão e o porão - tão presente no drama e essencial para o desenvolvimento do mesmo - é o lugar da ausência de luz e de possibilidade de vida, onde nos refugiamos no medo de ser e de acontecer. O nosso lugar das sombras. É bom que os dorameiros possam ver um drama além do vício, do entretenimento e dos atores lindos.
O conceito de fundo que o autor nos traz é o velho ditado "quem ama, cuida". É a protagonista que cuida, ela escolheu a profissão de cuidar (Medicina/Psiquiatria), o faz  para sua liberdade pessoal, para o bem dos pacientes e no encontro do amor por todas as personalidades que o protagonista apresenta.  O amor (e seus sentimentos/comportamentos periféricos; ciúmes, vaidade, inveja, infantilidade, proteção...) é tudo aquilo que Ji Sung interpreta. E quantas vezes fomos assim como ele nas nossas relações? Eu parava e pensava sobre os amores que tive e os que perdi. Sobre os cuidados e os descuidos durante minha existência. E o drama correndo sem parar! Lógico que para efeito de trama é tudo uma hipérbole, mas somos exagerados e infantis quando nos afundamos e emergimos no, e pelo, amor. Não posso deixar de comentar a atuação do irmão da médica e a permissão que é atípica na Coreia do Sul e na maioria dos países do mundo: uma  pseudo-relação incestuosa. Isso tudo é muito velado por lá! De qualquer forma, o irmão tem um a caráter adorável. Na verdade, ele tem o papel de contador de histórias ou daquele semideus que joga os dados da história dos personagens.    A conexão de tudo que acontece na trama se faz por ele, pelo pai da médica e pelo secretário do prota, que conhecia o que precisava ser desconhecido ou escondido.
A atriz principal é a luz que ilumina a estória. Começa singela e vai ganhando força. É incrível e competente como a Hwang Jung Eum conseguiu fazer uma personagem tão fraca e forte ao mesmo tempo versus as personalidades interpretadas por Ji Sung. Cada personalidade tem a mesma influência na estória.  Os atores de apoio da trama coreana também são muito bons, o que dá estofo em todo drama. Até as crianças são profissionais. Isto se dá, segundo uma pessoa amiga que conhece o país, devido à força que eles dão para a educação e o trabalho profissional. E não é à toa que o mundo está vendo o país de forma diferente e consumindo seus romances, épicos, língua, ideogramas, culinária, música e toda beleza que a península nos apresenta.
E aí, o que acharam da análise? Particularmente, achei bem interessante. E saber um pouco mais da Coreia em si foi algo muito válido também. Concordam? Ah, e já viram Kill Me, Heal Me?

Até a próxima!

My *-*

4 comentários:

  1. Ótima análise! Realmente um ótimo drama para pensar. Parabéns pelo post My e Vania.

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    1. Que bom que gostou Josyane! De fato, esse é um drama que rende muitas reflexões =)

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  2. Nossa, essa análise me lembrou minhas aulas de filosofia desse semestre ,adorei ficou perfeita.
    Deu até vontade de ver de novo.

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    1. Eu tenho essa vontade direto haha ainda mais vendo Ji Sung em Entertainer ♥

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